LEITE E DERIVADOS
Verdades e mitos
Por Dr. Edson Monteiro
Leite e derivados são alimentos muito presentes em quase todo o mundo, de
valor nutricional inquestionável, mas não são pra todos como a indústria de
laticínios tanto divulga e devem ser consumidos de forma cuidadosa. O leite de
vaca, tido como essencial alimento para as crianças, até pode ser considerado
nos casos onde o aleitamento materno está impossibilitado por alguma razão, mas
sempre se deve ter em mente que o leite materno é insubstituível, é alimento
exclusivo até 2 meses e importante complemento alimentar até os 2 anos de idade.
O leite de vaca pode ser considerado na dieta infantil por falta de outra opção
melhor, mas considerá-lo alimento essencial para o ser humano é equívoco, e
todos os que tiverem condições devem evitá-lo, especialmente os adultos, em
consonância ao entendimento de povos orientais que acreditam que leite de vaca
é pra bezerro.
A verdade é que mais de 30% da população brasileira e mundial tem
incompatibilidade ao leite bovino, seja por alergia às proteínas ou por intolerância
ao açúcar lactose presentes no alimento. O leite de vaca é um alimento complexo
constituído por proteínas, açúcar, gorduras, vitaminas e alguns minerais, que moderadamente
fazem bem a uma maioria e muito mal, mesmo em pequenas doses, a uma expressiva
quantidade de pessoas.
Apesar de ser considerado um alimento completo, o
leite não possui quantidade suficiente de ferro e vitamina D para atender as
exigências de uma nutrição adequada das crianças e dos idosos. A água é o
componente em maior quantidade, onde se encontram dissolvidos ou suspensos os
demais componentes. Temos as proteínas que são os componentes mais importantes e
de dois tipos: caseínas e proteínas do soro. São elas que conferem ao leite a
cor esbranquiçada opaca, e são as principais formadoras de massa branca quando
o leite coagula. A importância industrial da caseína está na fabricação de
queijos e leite em pó associado a outros componentes do leite. Quanto às
gorduras, há em média 3,8% delas no leite integral, por volta de 14 mg/100 ml de colesterol. O
desnatado contém 1,7 mg de colesterol por 100 ml. O leite de vaca contém em
média 35 g de gordura/litro. O açúcar presente no leite é a lactose, responsável
pelo sabor adocicado e corresponde em média a 50% dos sólidos desengordurados
do leite. A lactose é substância que promove as fermentações aproveitadas na
indústria de laticínios para obtenção de diversos produtos derivados do leite
como iogurte, leite acidófilo, queijos, requeijões, dentre outros. O leite é
uma fonte importante de vitaminas A, D, E e K. Também são encontradas no leite
as vitaminas hidrossolúveis como, B1, B2, B6, B12, ácido pantotênico e niacina.
O leite possui os minerais considerados essenciais à dieta do ser humano,
existindo em maiores concentrações os fosfatos, citratos, carbonato de sódio,
cálcio, potássio e magnésio. A ação fisiológica dos diferentes sais do leite é
importante, principalmente do fosfato de cálcio, na formação de ossos e dentes.
Leite: Alergia ou Intolerância?
Intolerância e alergia ao leite são
coisas diferentes, mas muitas vezes são confundidos e utilizados para descrever
a mesma situação. É importante saber distingui-los porque têm origens e efeitos
diferentes e, consequentemente, requerem cuidados diferentes.
A alergia é uma reação adversa do
organismo que envolve o sistema imunitário, e está relacionada às proteínas, já
a intolerância é uma reação adversa do organismo que não envolve o sistema
imunitário, sendo a mais comum a intolerância à lactose.
A alergia às proteínas do leite de
vaca é mais comum na infância, quando o sistema imunitário é imaturo e mais
susceptível aos novos alimentos que são apresentados ao organismo. Os sintomas
podem ser cólicas, vômitos, diarreia ou obstipação, dermatite atópica, inchaço
nos lábios ou pálpebras, nariz entupido, tosse, entre outros. Em longo prazo a
alergia às proteínas diminui, sendo que 80-90% das crianças adquirem
naturalmente tolerância às proteínas do leite até aos 5 anos de idade.
A lactose (açúcar) presente no leite para ser
absorvida precisa ser processada no intestino por uma enzima conhecida como
lactase, que promove a separação da lactose em seus componentes constituintes:
a glicose e a galactose. Estes são absorvidos para a corrente sanguínea e
desempenham papéis distintos no organismo: a glicose é utilizada como fonte de
energia e a galactose torna-se um componente de constituintes das células e do
soro. Se a lactose não for digerida – separada nos seus componentes menores –
permanece inteira no intestino sem ser absorvida para a corrente sanguínea, o
que pode provocar acúmulo de água no intestino, acarretando diarreia. Além
disso, a lactose inteira é fermentada por bactérias da flora intestinal que
produzem gás e ácidos orgânicos, bactérias que causam doenças, podendo gerar
sintomas de dor, inchaço e flatulência, uma verdadeira inflamação.
Após sete anos de idade começa haver
diminuição da produção de lactase, piorando a digestão do açúcar do leite que talha
no estômago e fermenta nos intestinos tornando o meio ácido prejudicial ao
organismo provocando uma série de complicações. Esta descoberta foi feita por
médicos cientistas americanos e foi publicada no New York Time no ano de 1984
sob o título “Os médicos advertem sobre a intolerância do leite de vaca para o
ser humano em fase adulta”. Existe outra pesquisa realizada por médicos
cientistas franceses da medicina ortomolecular, que chegou à mesma conclusão dos
seus colegas americanos sobre a intolerância do leite de vaca para o ser
humano. Estas pesquisas científicas vêm de encontro ao que dizia os antigos
sábios chineses “Leite de vaca é pra bezerro, não serve para o ser humano”.
A Medicina Tradicional Chinesa sempre ensinou
que o consumo constante do leite da vaca pode causar flatulências, excesso de catarro,
cansaço crônico, problemas de visão, asma, bronquite, arteriosclerose cerebral
e coronária, cálculos renais e biliares, diarreias, otites, rinites, sinusites,
reumatismo, artrite, alergias em geral, tonturas, vertigens e enxaquecas. Os
problemas de visão que o leite provoca são irreversíveis. Faça um teste: fique
por 15 dias sem tomar leite e observe os resultados. Os derivados do leite
devem ser consumidos com moderação e evitados nos casos de alergia corresponde
a pelo menos 30% da população e intolerância cada vez maior quanto maior a
faixa etária.
Quanto ao tão falado cálcio presente no
leite, podemos muito bem aproveitar o cálcio de outras fontes de alimentos que
devem ser consumidos juntamente com o magnésio. O consumo de verduras, folhas
verdes, legumes, frutas, cereais e a prática de esportes como caminhadas
diárias são recomendações para melhor aporte de cálcio no organismo.
A partir do momento de erupção da primeira
dentição o ser humano começa a diminuir a enzima digestiva do leite, razão dos
problemas de saúde relacionados ao alimento. O leite que é vendido no país é um
produto industrializado comercializado em caixas com acidulantes, conservantes
e estabilizantes que empobrece o alimento. A própria pasteurização que tem o
objetivo de conservação do produto, na verdade mata bactérias contaminantes e
mata também lactobacilos e outros micro-organismos importantes à saúde da flora
intestinal humana. No final temos um alimento pobre em nutrientes, mas rico em
aditivos químicos. Por isso é melhor evitar o leite, e as mães poderiam passar a
oferecer outros tipos de leite de origem vegetal às crianças, desde que não
tenham alergia, como leite de arroz, leite de nozes, de semente de girassol, de
semente de abóbora, de amêndoa, de soja, de castanha do Pará e até de amendoim.
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