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quarta-feira, 22 de janeiro de 2014



LEITE E DERIVADOS

Verdades e mitos

Por Dr. Edson Monteiro

Leite e derivados são alimentos muito presentes em quase todo o mundo, de valor nutricional inquestionável, mas não são pra todos como a indústria de laticínios tanto divulga e devem ser consumidos de forma cuidadosa. O leite de vaca, tido como essencial alimento para as crianças, até pode ser considerado nos casos onde o aleitamento materno está impossibilitado por alguma razão, mas sempre se deve ter em mente que o leite materno é insubstituível, é alimento exclusivo até 2 meses e importante complemento alimentar até os 2 anos de idade. O leite de vaca pode ser considerado na dieta infantil por falta de outra opção melhor, mas considerá-lo alimento essencial para o ser humano é equívoco, e todos os que tiverem condições devem evitá-lo, especialmente os adultos, em consonância ao entendimento de povos orientais que acreditam que leite de vaca é pra bezerro.
A verdade é que mais de 30% da população brasileira e mundial tem incompatibilidade ao leite bovino, seja por alergia às proteínas ou por intolerância ao açúcar lactose presentes no alimento. O leite de vaca é um alimento complexo constituído por proteínas, açúcar, gorduras, vitaminas e alguns minerais, que moderadamente fazem bem a uma maioria e muito mal, mesmo em pequenas doses, a uma expressiva quantidade de pessoas.
Apesar de ser considerado um alimento completo, o leite não possui quantidade suficiente de ferro e vitamina D para atender as exigências de uma nutrição adequada das crianças e dos idosos. A água é o componente em maior quantidade, onde se encontram dissolvidos ou suspensos os demais componentes. Temos as proteínas que são os componentes mais importantes e de dois tipos: caseínas e proteínas do soro. São elas que conferem ao leite a cor esbranquiçada opaca, e são as principais formadoras de massa branca quando o leite coagula. A importância industrial da caseína está na fabricação de queijos e leite em pó associado a outros componentes do leite. Quanto às gorduras, há em média 3,8% delas no leite integral, por  volta de 14 mg/100 ml de colesterol. O desnatado contém 1,7 mg de colesterol por 100 ml. O leite de vaca contém em média 35 g de gordura/litro. O açúcar presente no leite é a lactose, responsável pelo sabor adocicado e corresponde em média a 50% dos sólidos desengordurados do leite. A lactose é substância que promove as fermentações aproveitadas na indústria de laticínios para obtenção de diversos produtos derivados do leite como iogurte, leite acidófilo, queijos, requeijões, dentre outros. O leite é uma fonte importante de vitaminas A, D, E e K. Também são encontradas no leite as vitaminas hidrossolúveis como, B1, B2, B6, B12, ácido pantotênico e niacina. O leite possui os minerais considerados essenciais à dieta do ser humano, existindo em maiores concentrações os fosfatos, citratos, carbonato de sódio, cálcio, potássio e magnésio. A ação fisiológica dos diferentes sais do leite é importante, principalmente do fosfato de cálcio, na formação de ossos e dentes.

Leite: Alergia ou Intolerância?

Intolerância e alergia ao leite são coisas diferentes, mas muitas vezes são confundidos e utilizados para descrever a mesma situação. É importante saber distingui-los porque têm origens e efeitos diferentes e, consequentemente, requerem cuidados diferentes.

A alergia é uma reação adversa do organismo que envolve o sistema imunitário, e está relacionada às proteínas, já a intolerância é uma reação adversa do organismo que não envolve o sistema imunitário, sendo a mais comum a intolerância à lactose.

A alergia às proteínas do leite de vaca é mais comum na infância, quando o sistema imunitário é imaturo e mais susceptível aos novos alimentos que são apresentados ao organismo. Os sintomas podem ser cólicas, vômitos, diarreia ou obstipação, dermatite atópica, inchaço nos lábios ou pálpebras, nariz entupido, tosse, entre outros. Em longo prazo a alergia às proteínas diminui, sendo que 80-90% das crianças adquirem naturalmente tolerância às proteínas do leite até aos 5 anos de idade.

A lactose (açúcar) presente no leite para ser absorvida precisa ser processada no intestino por uma enzima conhecida como lactase, que promove a separação da lactose em seus componentes constituintes: a glicose e a galactose. Estes são absorvidos para a corrente sanguínea e desempenham papéis distintos no organismo: a glicose é utilizada como fonte de energia e a galactose torna-se um componente de constituintes das células e do soro. Se a lactose não for digerida – separada nos seus componentes menores – permanece inteira no intestino sem ser absorvida para a corrente sanguínea, o que pode provocar acúmulo de água no intestino, acarretando diarreia. Além disso, a lactose inteira é fermentada por bactérias da flora intestinal que produzem gás e ácidos orgânicos, bactérias que causam doenças, podendo gerar sintomas de dor, inchaço e flatulência, uma verdadeira inflamação.

Após sete anos de idade começa haver diminuição da produção de lactase, piorando a digestão do açúcar do leite que talha no estômago e fermenta nos intestinos tornando o meio ácido prejudicial ao organismo provocando uma série de complicações. Esta descoberta foi feita por médicos cientistas americanos e foi publicada no New York Time no ano de 1984 sob o título “Os médicos advertem sobre a intolerância do leite de vaca para o ser humano em fase adulta”. Existe outra pesquisa realizada por médicos cientistas franceses da medicina ortomolecular, que chegou à mesma conclusão dos seus colegas americanos sobre a intolerância do leite de vaca para o ser humano. Estas pesquisas científicas vêm de encontro ao que dizia os antigos sábios chineses “Leite de vaca é pra bezerro, não serve para o ser humano”.

A Medicina Tradicional Chinesa sempre ensinou que o consumo constante do leite da vaca pode causar flatulências, excesso de catarro, cansaço crônico, problemas de visão, asma, bronquite, arteriosclerose cerebral e coronária, cálculos renais e biliares, diarreias, otites, rinites, sinusites, reumatismo, artrite, alergias em geral, tonturas, vertigens e enxaquecas. Os problemas de visão que o leite provoca são irreversíveis. Faça um teste: fique por 15 dias sem tomar leite e observe os resultados. Os derivados do leite devem ser consumidos com moderação e evitados nos casos de alergia corresponde a pelo menos 30% da população e intolerância cada vez maior quanto maior a faixa etária.

Quanto ao tão falado cálcio presente no leite, podemos muito bem aproveitar o cálcio de outras fontes de alimentos que devem ser consumidos juntamente com o magnésio. O consumo de verduras, folhas verdes, legumes, frutas, cereais e a prática de esportes como caminhadas diárias são recomendações para melhor aporte de cálcio no organismo.


A partir do momento de erupção da primeira dentição o ser humano começa a diminuir a enzima digestiva do leite, razão dos problemas de saúde relacionados ao alimento. O leite que é vendido no país é um produto industrializado comercializado em caixas com acidulantes, conservantes e estabilizantes que empobrece o alimento. A própria pasteurização que tem o objetivo de conservação do produto, na verdade mata bactérias contaminantes e mata também lactobacilos e outros micro-organismos importantes à saúde da flora intestinal humana. No final temos um alimento pobre em nutrientes, mas rico em aditivos químicos. Por isso é melhor evitar o leite, e as mães poderiam passar a oferecer outros tipos de leite de origem vegetal às crianças, desde que não tenham alergia, como leite de arroz, leite de nozes, de semente de girassol, de semente de abóbora, de amêndoa, de soja, de castanha do Pará e até de amendoim.