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quinta-feira, 29 de setembro de 2011

13 DE OUTUBRO ÀS 19h - SHOW CPM 22

08/10 – 4º Aniversário do CEU Jaçanã - Valeu Professor - Homenagem aos Educadores.

O Valeu Professor é uma homenagem a todos os professores da rede municipal.

Serão realizadas apresentações de professores músicos, peça de teatro, contação de histórias, palestra sobre beleza e exposições, no teatro e foyer.


14h – Espetáculo teatral “Os Buscadores” – CIA Paulista.


15h – CIA Carne de Língua

15h30 – Beleza Afro – estética facial e cabelos.

18h – Teatro e Música com os Professores: José Luiz Gonçalves e Elisabeth Aparecida de Souza.


18h15 – Rogemar & Banda – MBP com o professor Rogemar Barbosa Santos, Izabel Cristina e Daniel Pereira.


18h30 – Canções Internacionais com a Professora Maria Luiza.


18h45 - Teatro e Música com os Professores: José Luiz Gonçalves e Elisabeth Aparecida de Souza.


19h – MPB com o Professor Heleno de Oliveira.

19h15 – MPB com o Professor Rafael Pereira de Sousa.

19h30 – Teatro e Música com os Professores: José Luiz Gonçalves e Elisabeth Aparecida de Souza.

19h45 – Música Sertaneja com a Professora Conceição Monzani

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Caminhos e encontros (sob o céu da cidade)

(Crônica inscrita para o concurso literário Valeu, Professor! em 2011, não selecionada. Descubra quantos nomes de CEUs aparecem no meio do texto e comente...)

Jamir Nogueira - Gestor do CEU Jaçanã



Cruzo o oceano na nau. Venho da África, de Portugal, do médio e extremo Oriente, de todo e nenhum lugar e misturo-me com o nativo que há em mim.

Em jornada de duas luas, transponho os campos de Piratininga. Passo por três lagos de água azul, da cor do mar. Cruzo três pontes que me levam a um campo limpo e largo – ponto de partida para a expedição que me levará aos quatro cantos da terra. Rios e montes, várzeas e quebradas. Tal qual os antigos navegantes dos caminhos do mar, retomo o caminho das águas: Ipiranga, Tamanduateí, Tietê, Cabuçu e Tremembé.

Água de garoa, que beija e penetra a terra num ritual de amor e aflora em nascentes que trazem fertilidade e alimento.

Ao alto alegre de um dos rios da minha aldeia ficava formosa casa de pedra. Da casa de pedra sobrou somente o nome. Nem pedaço, nem lembrança – apenas um nome que o tempo vai tornar pó.

Sabe aquela estória de porquinhos e lobos? Não estava concluída. Ele ainda vai soprar e soprar e soprar...
Recuo em rápidas passadas e alcanço o Saracura que serpenteia no fundo do vale dos antigos bosques.

Chácaras, casarões, sedes de bancos e arranha-céus de vidro. O tempo vai tornar pó...

O lobo ainda vai soprar e soprar e soprar...

Da mata atlântica à selva das pedras e ao pó, numa piscada de olhos de Cronos.

Do grito de guerra dos Guaianases e dos Guarulhos, restaram outras vozes. Do canto dos tambores e das danças da resistência, restaram outros ritmos. Dos sotaques, arrastados ou guturais, das vozes de fora, sobraram outras palavras.

E assim a cidade foi se formando. E assim estamos nos formando em nossa inconclusa conclusão temporária.

No lugar das luzes da lua e estrelas, luzes de tempos novos: gás, mercúrio, neon, xenon. E um brilho, que ofusca o céu, espalhado em pontes, postes, pistas, postos.

Poeira que não é estelar. Respiro fundo e faço o caminho. Sob o céu da cidade, caminho. Sei que outros de nós caminhamos. Enxergamos o colorido dos leds na luzes e sons da ciência. Mas enxergamos também a luz de estrelas e luas. E o brilho de olhares e corações que espirram faíscas para acender a outros tantos.

Quem registra melhor a inteireza da história: o diário de bordo do velho navio, com suas impressões, sensações e fatos anotados em pergaminhos, ou a caixa preta das modernas aeronaves, com seus dados binários, matemáticos?

O caminho só existe quando é percorrido. E quantos passos para se fazer o caminho! Suor sob o sol, sob o céu. Muitas idas e vindas, em passos largos e pequenos, que avançam e retrocedem... para cruzar com outros passos. Eis o segredo dos santos e guerreiros, dos mártires e dos peregrinos:

- Não deitar na rede para montar a rede!

Retorno à trilha das águas: Cabuçu, Tremembé, Piqueri.

Às margens, encontro uirapurus e jaçanãs. Ouço cantos do amanhecer e intuo o bom feitiço no ar: a magia dos sorrisos de meninos e meninas que brincam e indagam; a magia dos anciãos que compartilham sua sabedoria de tempos imemoriais, dançando com o sol.

Encontro gentes.

Na carroça do homem de papelão, encontro esmeraldas e rubis, ouro e prata.

No lenço da cabeça da Dona Carolina, encontro idéias e soluções.

No bolso furado, da calça furada, do menino descalço, encontro a riqueza da oportunidade de agir.

Encontro sorrisos e lágrimas, lutas e esperanças, arte e rugas, calos e pensamentos, fazeres e sentimentos. Guerra e paz.

Encontro força e movimento: encontro possibilidades.

Encontro vidas e Vida nas vilas dos rios de nossa aldeia.

Encontro novos céus sob o céu da cidade.